domingo, 12 de fevereiro de 2012

Crónica: São Valentim e os namorados


Um pouco por todo o mundo, o dia 14 de fevereiro é comemorado como o dia dos namorados. Neste dia é comum os namorados, casais e amantes exteriorizarem os seus sentimentos com troca de presentes, desde a simbólica flor ao romântico jantar ou à joia mais rara. Muitos são os que, também nesta data, se declaram à pessoa amada ou avançam com pedidos de casamento.
Porquê esta data comum a São Valentim e aos namorados?
Existem várias teorias relativas à origem de São Valentim e à forma como este mártir romano se tornou o patrono dos apaixonados.
Uma lenda retrata São Valentim como um mártir que, em meados do século III, recusara renegar a fé cristã que professava.
Outra defende que, na mesma altura, o imperador romano Cláudio II teria proibido os casamentos para, assim, recrutar mais soldados para o seu exército. Valentim, sacerdote da época, teria violado este decreto imperial, continuando a realizar casamentos em sigilo absoluto. O imperador tê-lo-ia então encerrado numa prisão domiciliária, a residência do prefeito romano Astério. Este tinha uma jovem filha cega, de seu nome Astérias que, após miraculosamente curada pelo sacerdote Valentim, se apaixonaram platonicamente. Valentim teria mesmo escrito uma carta de amor para a jovem, entregue ao seu pai e que terminava com a assinatura “ de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada nas cartas de amor. Com efeito, no dia 14 de fevereiro de 286, Valentim foi levado para a Via Flaminia onde foi morto à paulada e depois decapitado, cumprindo-se assim a sentença imperial.
Além disso, e ainda segundo a lenda, Valentim teria o dom de reconciliador de casais: certo dia, ouvindo dois jovens namorados discutindo, foi ao encontro deles levando na mão uma bela rosa. O capuz caído, a figura serena e sorridente do bom velho e aquela singela flor que lhes ofereceu tiveram o mágico condão de reaproximar os namorados que, alguns dias depois, procuraram Valentim para celebrarem o casamento.
Evidentemente, não sabemos qual a fronteira entre a história e a lenda. Como nunca saberemos a fronteira entre a verdade e o mito, o amor, a paixão, a ternura e o ódio.
Contudo, as raízes deste dia remontam ainda à Roma antiga e à Lupercália, festa dedicada a Juno, deusa associada à fertilidade, ao casamento, às mulheres, ao amor e à juventude. Celebrada no dia 14 de fevereiro – mês oficial do início da primavera – eram sorteados os nomes dos apaixonados que teriam de ficar juntos enquanto durassem as cerimónias festivas. Frequentemente, estes casais apaixonavam-se e acabavam por casar.
No entanto, como aconteceu com outras festas pagãs primitivas, a Igreja Católica poderá ter decidido celebrar o São Valentim nesta data, como forma de cristianizar as celebrações pagãs da Lupercália.
E mais uma vez sonhamos a fronteira entre a história e o mito. Entre a morte e a vida. Entre o ser e o sentir. Entre a ternura e a paixão. Entre a paixão e o amor. Entre o amor e o ódio, também eles amantes inimigos.
Por fim, que diria a carta de Valentim a Astérias? O que dizem todas as cartas, bilhetinhos, mensagens ou e-mails de amor? Não foi, certamente, a primeira carta de um amor impossível. Se é que existem amores impossíveis. Ou sequer, cartas de amor.

Henrique Monteiro
Prof./Editor/Escritor

Até breve...
Augusta.


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